De volta ao trabalho mas sem burnout, por favor.

de volta ao trabalho

Este que é o primeiro artigo pós férias deveria ser um conjunto de sugestões minhas para cuidar da pele depois do verão. Mas a leitura recente de dois excelentes artigos do Jornal Expresso fez-me parar e optar por falar sobre este que é um tema muito importante para mim (e acredito que para muitas pessoas que lêem o que escrevo). Um dos artigos falava sobre o mundo perfeito das redes sociais, onde só há felicidade, toda a gente é saudável, equilibrada e passa férias em locais paradisíacos com filhos giríssimos e que nunca fazem birras (não há ninguém que viva feliz para sempre o tempo todo). O outro artigo do Expresso, fala precisamente sobre a falta de limites nos contactos de trabalho (emails, SMS, telefonemas) que requerem atenção imediata, resolução urgente fora do horário de trabalho… soa familiar?

Burnout, sim, I’ve been there

Um dos motivos que me levou a fundar o meu próprio projeto e a criar o meu próprio emprego, foi ter passado anos a não compreender a falta de limites por parte de algumas empresas por onde passei, onde por exemplo emails à sexta à tarde pediam urgência em relatórios para segunda feira de manhã. Solicitação essa que talvez devesse ser aceite com um sorriso nos lábios. Já falei sobre o meu burnout aqui, aqui, aqui e aqui. Hoje quero dar uma nova perspetiva sobre o tema.

E enquanto empreendedora?

O problema não são as horas de trabalho. Para quem desconhece o trabalho nas redes sociais, a conexão é permanente. Apesar de o Instagram ser um passatempo para as pessoas que seguem o meu trabalho, o Instagram para mim é trabalho. E isso significa publicações, Stories, resposta a centenas de mensagens por semana, planear e marcar sessões fotográficas, redigir os textos que acompanham as publicações e que quero que acrescentem SEMPRE algo. “Mas o Instagram é o teu trabalho?!” perguntam-me. Sim, é. E é feito a todas as horas e todos os dias do ano, 365 dias para ser mais exata. Mas o meu trabalho está longe, muito longe de ser só o Instagram. Por isso de facto o problema não são as horas. Enquanto empreendedora o meu projeto é uma criação minha, dá-me imenso gozo, adoro-o. E trabalho muito. Muito mais que numa qualquer empresa. Enquanto empreendedora não há departamento de contabilidade ou recursos humanos ou informática a quem me dirigir. É tudo feito por mim.

Mas mesmo enquanto empreendedora eu vejo e reconheço o “problema” de base noutros empreendedores.

Então qual é o problema?

Mas o problema são as horas de trabalho?

Adoro trabalhar e claramente que o número de horas não é um issue. Mas isto é bom quando temos o nosso projeto, lidamos com os horários como queremos, tiramos uma manhã para tratar de assuntos nas Finanças e compensamos logo à noite. Não temos uma “arma apontada à cabeça” com prazos que não respeitam nada nem ninguém. O problema é quando a empresa em que trabalhamos (ou o empreendedor que está na fussanguice pegada) se sente no direito de esventrar a nossa saúde, a nossa vida familiar e os tempos de descanso, como se tivéssemos de ser gratos porque temos um emprego (ou uma prestação de serviços) onde trabalhamos até ficar com a língua de fora, subservientes (e infelizes) e a fingir que tudo o resto não é crítico para uma vida equilibrada e SAUDÁVEL.

Exemplos práticos, de morrer a rir (para não chorar)

Ouve bem estas pérolas:

  • Marcação de início de reuniões quase à hora de sair (Oi? Vais tu buscar os meus filhos à escola, dar-lhes o banho e o jantar, falar e brincar com eles e metê-los na cama?)
  • Plano de Marketing para apresentar com o lançamento de um novo medicamento em 3 semanas (com o Natal e Ano Novo pelo meio) – para quem não faz ideia o que é, vamos supor que o tempo mínimo aceitável seriam uns 3 / 4 meses (Oi? E é suposto eu dormir? Vais pagar-me as horas extraordinárias, as consultas de neurologia e a medicação que vou ter de fazer, que já faço obviamente, para me sujeitar a essa escravidão? Vens tu resolver as discussões familiares que vou ter tal é o stress e violência a que me sujeitas?)
  • Chegas duma viagem de trabalho às 2 da manhã mas tens de ir para o escritório amanhã (ou seja hoje) às 8h30 (Oi? Mas é suposto eu dormir, ou queres que faça já uma direta e nem vá a casa? Se calhar adianto uns mails e mais uns relatórios que me pediste até às 6 da manhã, boa?)
  • Email a avisar que se “não te pões a pau” essa treta de apanhar acidentes na 2ª Circular (ao primeiro e único acidente que apanhas em meses) vai ter de acabar já porque os horários de entrada na empresa são muito rígidos (e sub-repticiamente os de saída nem são mencionados porque toda a gente sabe que fazes mais 2 a 3 horas de trabalho diário depois do horário de saída) (Oi? Mas queres ver que a culpada do acidente fui eu? Ou queres que parta do pressuposto que todos os dias vai haver acidentes e saia de casa 2 horas antes em vez de 1 hora antes? Se calhar arranjas-me uma caminha no escritório, o que achas?)
  • “Posso deixar os meus filhos na escola e fazer uma entrada desfasada? Eles são pequenos e com a hora de entrada atual não os consigo deixar na escola”. A resposta: não. (Oi? Mas tu sabes a legislação, não sabes? Tu sabes que isso é ILEGAL, não sabes?)
  • E queres ter mais filhos? (Oi? E o que tens tu a ver com isso? Contrataste uma mulher em idade fértil e agora já queres que te inclua nos meus planos? Vais fazer babysitting se eu precisar? Isso vai dar imenso jeito, obrigada.)
  • Devias ter pensado como ias gerir a tua vida antes de ter filhos (Oi? Ahahaha, esta é muito boa. Sem comentários.)
  • Ai se eu tivesse a tua idade, não me escapavas (Oi? Tu nem com a minha idade, nem com 20 anos menos ou mais, nem coberto em Ruffles de presunto, e olha o que eu adoro Ruffles de presunto.)

Não fui eu que disse e se alguém quiser saber vou desmentir tudo.

República das Bananas?

Pois é… agora que penso nisso, nestes meros exemplos (entre tantos), eu que sempre tive medo de arriscar, que sempre achei que nunca teria a minha própria empresa, que falhei tantas datas importantes e momentos em que queria ter lá estado só por causa de mais um relatório e mais um plano de marketing, não sei se conseguiria ouvir mais alguma vez na vida a conversa já banal da República das Bananas.

E burnout afinal o que é?

Burnout é ter de viver com isto todos os dias, engolir em seco e continuar. Burnout é estares tão mentalmente e fisicamente exausta que preferes morrer a viver mais um dia. Burnout é não conseguires acompanhar os teus filhos. Burnout é não teres paciência para nada, quanto mais para ir ao ginásio (que parece que faz bem e a Joana da Beautyst fala nisso muitas vezes). Burnout é estares-te a borrifar se fazes cronograma capilar e o teu cabelo te faz sentir bem (já é uma sorte se estiver lavado). Já estive aí.

Por isso, neste regresso ao trabalho, o que mais desejo, é que reflitamos. Não tenho a solução milagrosa. Tenho um exemplo que é o meu. Não foi fácil sair deste esquema doentio a que me sentia presa pelo valor que era depositado todos os meses na minha conta bancária (como esse dinheiro se transforma na desculpa perfeita para todos os abusos e para a nossa própria prisão). Pedi apoios, fiz o plano de lançamento do meu projeto, passei 2 anos difíceis, libertei-me de todas as ideias pré-concebidas (de que é impossível recomeçar aos 40). Meti muito para dentro, tive vergonha de assumir o burnout. Mas quando falei nele as pessoas à minha volta perceberam exatamente o que passei, pois estão ou já passaram pelo mesmo. Mas em silêncio.

E isto está longe, muito longe, de ser o mundo perfeito das redes sociais, onde só há felicidade.

De volta ao trabalho, mas sem burnout por favor.

Fotografia: Márcia Soares

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