Afinal o que significa sucesso?

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Recentemente recebi uma querida mensagem de alguém que me dava os parabéns pelo meu sucesso. Mas é impossível alguém saber se outra pessoa tem sucesso, na verdade (apesar de ter apreciado o carinho, claro…). Sucesso é algo de muito íntimo. Para mim são as coisas simples da vida. Quando vemos alguém que parece ter tudo, nunca vemos o quadro completo. As pessoas projetam as suas melhores conquistas e raramente expõem os seus fracassos. Por outras palavras, o que estamos a ver são highlights – uma montagem glamorosa de conquistas, distinções e talentos. Afinal o que significa o sucesso?

O que procuram as pessoas para ter sucesso?

Desde novos que somos bombardeados com “supostos sinais” de sucesso. Em criança achava que ter uma boa profissão (fosse isso o que fosse) era sinal de sucesso. Ser cardiologista, tal como o meu pai gostaria que eu tivesse sido, teria sido para ele o cúmulo do sucesso. Mas a realidade é que eu sonhava com outras coisas. Pintava os meus desfiles de moda, colava pedacinhos de tecido que ilustravam cada coleção, desenhava. Desde muito nova vibrava com arte e beleza e literalmente devorava todos os editoriais das revistas. Eu queria glamour! Nesta procura pelo meu sonho decidi tirar o curso que escolhi, Arquitetura de Interiores.

Mas sem saídas profissionais no momento em que terminei a licenciatura, com condições de trabalho precárias e sem previsão de começar a ser paga pelo meu trabalho, fui abordada por um amigo na Indústria Farmacêutica que me disse: “Vens uns meses trabalhar para cá enquanto procuras trabalho na tua área”. E assim foi. E essa experiência guardo-a como um enorme sucesso pessoal. Fui progredindo na equipa que integrei, tinha um excelente ambiente de trabalho onde aprendi tanto enquanto profissional, sentia que me superava a cada objetivo, ganhava muito bem e acima da média e com 24 anos comprei a minha primeira casa. Sim, para mim isso era sucesso e eu sentia-me bastante feliz. Para outras pessoas à minha volta o dilema era perceberem como é que eu poderia gostar tanto de fazer algo tão diferente da minha área da formação. A resposta? Duas frases atrás.

Cada pessoa pode escrever a sua própria definição de sucesso. Sucesso é eu sentir-me bem. Não aquilo que faria as outras pessoas sentirem-se bem ou o que elas desejam para nós. Muitas pessoas procuram títulos profissionais, bens materiais ou status social, e a verdade é que podemos não nos sentir bem sucedidos quando conseguimos essas coisas. E isso acontece porque só podemos medir o sucesso na nossa vida quando definimos o que impulsiona a nossa felicidade e isso nos ajuda a encontrar um propósito.

O que é o sucesso para cada uma de nós?

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Ninguém pode definir o que é o sucesso para cada uma de nós. O sucesso pode significar uma sensação de retribuir ao mundo e de fazer a diferença. Isso pode significar uma sensação de realização pessoal, por exemplo. Quando decidi criar o projeto Beautyst.pt, o primeiro site de cuidados derma e beauty em Portugal com apoio de dermatologistas, queria, em primeiro lugar, falar do assunto tabu alopécia androgenética (pela minha história de vida e porque profissionalmente lancei vários medicamentos nesta área). Eu sentia que tinha uma missão: ajudar mulheres a ultrapassar (ou pelo menos a lidar melhor) com esta doença que impacta tanto a auto-estima. E a maior realização pessoal que recebo são mensagens como esta: “Joana, tu fizeste a diferença na minha vida com o trabalho que desenvolves com a tua plataforma.”. Isso, para mim, é sucesso. É eu saber que através do meu trabalho, alguém pode ter uma vida melhor.

Sucesso pode significar ser capaz de fazer as coisas que se ama. Também pode significar ser capaz de proporcionar a melhor educação possível aos filhos. Depende, realmente, inteiramente de cada pessoa. Uma abordagem única de sucesso universal é, simplesmente, impossível.

O sucesso e o empreendedorismo

O sucesso não tem prazo. Na realidade, de acordo com a lista das 100 melhores empresas da Forbes, em média, as pessoas que fundaram as maiores empresas do mundo não começam antes dos 35 anos. Dos 539 fundadores, a idade média de abertura da sua empresa era de 40 anos. Pessoas “de sucesso” muitas vezes nem conseguem perseguir os seus sonhos antes dos 50 ou 60 anos, ou é aí que percebem que sucesso é tudo o que já conquistaram. Sucesso não significa chegar a uma certa idade, a um determinado momento ou a um determinado prazo. Não se trata das medidas ou métricas de qualquer outra pessoa, exceto as nossas. E cada pessoa pode decidir quando é o auge da sua vida.

Nunca imaginei ser empreendedora. Mas a verdade é que aos 40 anos tornei-me uma e isso só aconteceu porque passei por um burnout e tinha de encontrar uma saída. O empreendedorismo é sucesso? Depende do ponto de vista! Uma pessoa pode sentir-se extremamente feliz por abrir (e fechar) 3 ou 4 empresas e nunca baixar os braços. Outra pessoa pode sentir-se infeliz pois é empreendedora, gera imenso lucro, mas vive atolada em trabalho e não tem saúde ou tempo para si. Por isso… como é que definimos o sucesso?

Quando criei o projeto Beautyst.pt estava longe de perceber a influência que poderia ter. Mas ter muita influência é bom? É sinal de sucesso? Depende, uma vez mais! Influenciar deveria ter uma conotação positiva. Influenciar, na minha ótica, vem com uma enorme responsabilidade. Quero genuinamente que alguém que seja “influenciada” por mim sinta que isso lhe trouxe valor, que foi positivo para si! A área da saúde, onde trabalhei tantos anos antes de lançar o meu projeto, é altamente regulamentada. Não poderia nas redes sociais adotar uma posição diferente ou ser menos correta apenas para “ter sucesso”.

E só agora, quase 5 anos depois de ter fundado a minha plataforma, é que me sinto capaz de analisar friamente o impacto que posso ter e exatamente por isso sinto uma responsabilidade cada vez maior. Ser responsável, para mim, é ter sucesso. O sucesso tem de corresponder ao ritmo dos meus valores.

Sucesso e redes sociais

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É um facto: as redes sociais estão carregadas de ostentação e procura de notoriedade e reconhecimento. Mas o que é que genuinamente estamos todas a tentar encontrar? Pessoas que efetivamente adicionem valor às nossas vidas. Longe da tal montagem glamorosa de conquistas, distinções e talentos que falei no início, nós queremos é realidade e verdade. Sucesso não tem de significar jantar fora todos os dias em restaurantes deslumbrantes (ou se tem muito dinheiro e isso é uma escolha pessoal e ainda bem ou isso pode representar a ausência de competências mínimas em gestão financeira o que não permite a concretização de sonhos e metas importantes, amealhar – tão importante – ou ter uma velhice digna).

Sucesso não tem de significar ter uma mala muito cara. Sucesso não tem de significar aparecer sempre como capa de revista, num vestido incrível e uma maquilhagem fantástica. Quem tem necessidade de “mostrar” isso aos outros como sinal de sucesso, está a ostentar, à procura de popularidade e de reconhecimento. Mas simplicidade e bens mais clássicos podem ser a chave que muitas procuramos. Falei sobre o minimalismo aqui e como tem ajudado a mudar a minha vida, inclusive na interpretação do que vejo nas redes sociais, precisamente.

O que é que o sucesso significa para mim?

Uso um dos pontos mais deprimentes da minha vida como catalisador para definir a minha opinião sobre o sucesso. Aconteceu quando passei pelo burnout, mas também aconteceu quando perdi o meu pai. Aos olhos de muitas pessoas o meu pai poderia ser considerada uma pessoa de sucesso? Penso que sim. Cardiologista, doutorado em Londres, abriu a sua própria clínica nos anos 80. Casado, com 3 filhos. Com algum património e antes de morrer havia construído a “casa dos seus sonhos”. Mas morreu ainda antes do processo do seguro de vida estar finalizado e deixou a família numa situação financeira muito difícil. Morreu aos 52 anos vítima de um enfarte do miocárdio (ironia da vida). Raramente o vi tranquilo e genuinamente feliz. Trabalhava imenso, estava pouco presente por esse motivo e nas férias “desmaiava” de cansaço. É o meu pai e para sempre gostarei dele. E faz-me muita falta. Mas isso fez-me ver, desde muito nova, que o sucesso “aparente” pode também significar o contrário.

No meio deste desgosto, eu estava vulnerável. Percebi que o que mais precisava na minha vida era o oposto do que a sociedade “vende como sucesso”. Sucesso para mim deixava agora de ser o título, o CV ou os bens materiais.

Seguindo em frente, procurei esses valores em mim e nos outros, acima de tudo. Defini para mim mesma que, no final da minha vida, os marcadores de sucesso mais importantes seriam como eu responderia a duas perguntas:

  • Em quantos momentos da minha vida fui feliz?
  • Tive a capacidade de fazer a diferença na vida de alguém?

Essas perguntas definem o que é sucesso para mim.

Quando estou fechada para novas ideias e a tentar resistir às mudanças, não estou a alcançar a minha definição de sucesso. Quando o meu coração está agarrado à raiva e ao ódio, estou a falhar. Hoje, tudo o que refiro me conduz por “empreendimentos de sucesso” em todas as áreas da minha vida. Incluindo a capacidade de finalmente voltar à Universidade e fazer uma pós-graduação por puro gosto pessoal.

O que é que o sucesso significa para ti?

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Compreender o sucesso nos seus termos não acontece da noite para o dia. Leva tempo e muitos atos de coragem (e acrescentaria: muitos anos!) para descobrir as questões mais profundas que estão no centro da jornada de sucesso.

Sucesso é acreditar em mim mesma. Vamos falar sobre o que o sucesso não significa. Sucesso não significa copiar o que outra pessoa está a fazer como uma métrica do meu valor. Se usarmos uma comparação de conquistas como prática regular, estamos a usar uma prática prejudicial à saúde e tóxica. Quando pensamos nos pontos fortes dos outros e depois os comparamos com os nossos pontos fracos, qual é o resultado? Mas a realidade é que todas nós fizemos (ou fazemos) exatamente isso – comparar as nossas falhas com os pontos fortes de outras pessoas. Os meus filhos desde novos se comparam com os amigos e colegas (é inato à condição humana). Eu e o meu marido estamos alinhadíssimos em os fazer acreditar nas suas características únicas e valor. Acho engraçado perceber que desde crianças nos comparamos com os outros. E, em voz baixa, repito o que lhes digo para mim mesma.

Talvez tenhamos visto alguém nas redes sociais a partilhar um novo cargo, um casamento de sonho, um carro novo ou umas férias luxuosas. Mas já sabemos o que acontece a seguir, verdade? Imediatamente olhamos para nós mesmas para ver como nos avaliamos. “A Ana acabou de comprar uma casa nova. Porque é que eu não tenho isso na minha idade? Existe alguma coisa errada comigo?”. Isso não quer dizer que a comparação não traga benefícios. Os nossos “modelos” podem servir como grandes fontes de inspiração porque demonstram liderança e mostram (alguns) dos passos para alcançar grandes objetivos de longo prazo e provar que isso pode ser feito em qualquer idade. No entanto, com maior frequência, compararmo-nos com as outras pessoas fará com que nos sintamos insatisfeitas ou desadequadas.

Isso faz com que percamos de vista os nossos pontos fortes e realizações. A comparação oferece uma versão distorcida da realidade que destaca as inseguranças de cada pessoa enquanto exagera o sucesso das outras. Como referi, as pessoas projetam as suas melhores conquistas e raramente expõem os fracassos. Noutras palavras, nós vemos os tais highlights – uma montagem glamorosa de conquistas, distinções e talentos. Mas em simultâneo nós só nos vemos nos bastidores. A vida quotidiana nem sempre é emocionante. Está repleta de erros, emoções confusas, momentos menos bons, dificuldades. O tipo errado de comparação coloca a atenção nos bens (ou vidas) das outras pessoas, em vez de nos focarmos nos nossos pontos fortes e objetivos. Assim acaba-se a perseguir os sonhos de outra pessoa em vez de perseguir a nossa própria versão de sucesso.

O que é que o sucesso parece e o que temos de fazer para o alcançar?

Como sabemos que a comparação e os símbolos de status são a pior maneira de definir o sucesso, prefiro falar sobre como criar uma definição melhor – adaptada ao nosso propósito único na vida.

Na génese o sucesso tem de começar por dar resposta ao que, no mais íntimo, nos torna felizes. Que marcos desejamos alcançar em diferentes áreas da vida? Quais são os valores, princípios, hábitos, carreira, relacionamentos e posses que definem essa versão de sucesso para cada uma de nós? Algumas perguntas importantes:

  • Os nossos objetivos estão alinhados com os nossos valores e princípios?
  • Esses objetivos são nossos ou baseados nas expectativas de outra pessoa?
  • Algumas das coisas são mais importantes que outras?
  • Já realizámos algumas metas de sucesso? E se não, o que estamos a fazer para trabalhar em direção a essas metas?

Este processo de avaliar o que eu imagino em relação ao que eu realmente desejo é poderoso. Isto permite que eu destaque as metas que são mais importantes para mim e pare de perseguir aquelas que não importam. Ao mesmo tempo, outros objetivos parecerão menos importantes. Metas superficiais e perseguir o sonho de outra pessoa só me vão afastar ainda mais do sucesso.

Olhar para grandes objetivos pode parecer assustador. Construir um negócio lucrativo, ser uma referência na área… isso não acontece da noite para o dia. Ter muitos milhares de seguidores nas redes sociais, mas não conseguir gerar lucro e viver atolado em dívidas não é sucesso. Habituámo-nos a olhar para os supostos indicadores de sucesso de forma fútil e pouco analítica.

Aprendi, ao longo de muitos anos, que alcançar grandes conquistas acontece através de pequenos passos consistentes, em direção a um objetivo que eu quero atingir. Para alcançar o sucesso no longo prazo, também é preciso considerar recompensas no curto prazo. Por exemplo… embora este artigo não tenha uma aparente relação direta com a minha plataforma, a realidade é que estou a ter um enorme prazer em escrevê-lo, mas mais que isso, sei que poderá ser importante para que quem o ler tenha uma visão diferente, mais humanizada e real, do que é apenas “a imagem que eu projeto”.

Todas as grandes conquistas exigem muito trabalho. Mas o trabalho em si deve ser gratificante! Isso é sucesso (para mim).

Como se pode definir o sucesso?

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Para mim, dinheiro, status e posses não são indicadores do verdadeiro sucesso. Existem medidas muito mais poderosas:

  • Eu falo e ajo com verdade?
  • Sou forte e resiliente?
  • Estou à procura do que realmente importa na minha vida?

As lições e experiências em todas as fases da minha vida acontecerem antes daquele grande momento em que tudo mudou para mim, quando desisti do mundo corporativo. Tive de me licenciar em Arquitetura de Interiores para ter as competências criativas e técnicas que uso no meu trabalho. Tive de trabalhar ao longo de quase 20 anos na área da saúde para saber ter uma comunicação responsável e saber o que posso e devo e o que não posso e não devo. Tive de passar pelo burnout para perceber que não estava a alcançar os meus sonhos, absorvida num trabalho desumano. Tive de ser mãe para valorizar o que os meus filhos me ensinam todos os dias.

 

Sucesso é, afinal, muito mais simples do que eu poderia imaginar. E está tão longe de ser o que eu achava enquanto criança, ou aos 23 anos quando comecei a trabalhar ou mesmo aos 35 anos quando tentava ser mãe e uma “profissional exemplar”, uma mulher de fachada, mas tão angustiada no meu próprio cansaço. Sucesso é algo de muito íntimo. Para mim são as simples coisas da vida, como ter tempo, usufruir do que gosto, ter sonhos, saúde física e mental. Em última análise… ser feliz.

E para ti, o que é o sucesso?

 

Fotografia: Márcia Soares

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