Quimioterapia, queda de cabelo ou alopécia, o que fazer?

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Um dos temas sobre o qual me pediram bastante para falar foi a relação entre a quimioterapia e a queda de cabelo ou alopécia / perda de cabelo causada pela mesma. Por isso, nada melhor que um dermatologista que é referência na área do cabelo em Portugal, o Dr. Rui Oliveira Soares, para nos elucidar sobre este tema. Porque é que acontece perda de cabelo relacionada com a quimioterapia? O que se pode fazer? Que tratamentos existem?

Quimioterapia, queda de cabelo ou alopécia / perda de cabelo

Dr. Rui Oliveira Soares: Durante estes tratamentos, a perda de cabelo é, habitualmente, uma consequência transitória e reversível. O cabelo é importante para a nossa imagem e auto-estima. A tal ponto que algumas pacientes recusam o tratamento de quimioterapia por considerarem intolerável o trauma psíquico que lhes provocaria a alopécia associada.

Efeito da quimioterapia

A quimioterapia provoca dano celular. Este dano é muito maior nas células com alta taxa de divisão celular, como é o caso das células que se dividem no folículo para produzir o cabelo e as células que se dividem para produzir as unhas. O dano no folículo é maior nos que se encontrem na fase causada por efeito imediato na libertação e na destruição do folículo na fase de anagénese (fase proliferativa ou de divisão que no humano pode chegar a durar 6 anos em cada folículo, ao fim da qual o cabelo cai empurrado pelo que o substitui). Por este motivo, os médicos designam esta queda por deflúvio em anagénese. Além deste dano direto, a quimioterapia pode induzir sofrimento dos folículos por impedir a formação de novos vasos.

A capacidade da quimioterapia em causar a queda de cabelo ou perda de cabelo depende da via, da dose e do calendário de administração do fármaco. Em geral, os regimes intravenosos em altas doses estão associados a alta incidência de alopécia total; baixas doses, via oral e regimes semanais são menos propensos a induzir alopécia total ou completa.

Entre os agentes citotóxicos comuns, os mais suscetíveis de causar alopécia completa incluem ciclofosfamida, dactinomicina, doxorrubicina, idarrubicina, irinotecano, topotecano, paclitaxel e docetaxel.

Como é a queda de cabelo ou alopécia associada à quimioterapia?

A queda de cabelo e/ou alopécia associada à quimioterapia é tipicamente não cicatricial e, portanto, potencialmente reversível. Além do cabelo, pode afetar pelos axilares e púbicos, sobrancelhas e cílios das pestanas. O folículo piloso recomeça umas semanas após suspender tratamento, e o repilar visível torna-se aparente em 3 a 4 meses. O cabelo novo tem, frequentemente, características diferentes do original (crespos, podem tornar-se lisos e vice-versa).

Prevenção

O primeiro aspeto importante é explicar ao paciente o que sucederá, o seu porquê, o carácter transitório e o que podemos fazer para minorar. Muito do stress associado a este tipo de alopécia está associado ao medo do desconhecido, de algo que nunca enfrentámos. Saber exatamente o que podemos esperar constitui a primeira grande ajuda.

A hipotermia do couro cabeludo (hoje existem capacetes térmicos muito práticos) provoca a vasoconstrição dos vasos sanguíneos e limita a absorção dependente da temperatura do fármaco, diminuindo a taxa metabólica do folículo piloso, inibindo a captação celular. Os efeitos colaterais incluem desconforto pela sensação de pressão e dor de cabeça. Vários estudos mostram que este método reduz significativamente o risco de alopécia induzida por quimioterapia.

Nenhum outro método tem um efeito benéfico tão comprovado como a hipotermia do couro cabeludo. No entanto, o minoxidil tópico ou oral, indutor de mitoses no folículo, pode constituir uma ajuda.

Tratamento

Uma vez mais, o minoxidil parece ser o medicamento que pode fazer alguma diferença e usamos na maioria dos casos. Nas fases em que existe algum cabelo, os sprays de fibras capilares podem minorar o impacto estético. As fibras aderem aos cabelos existentes por atração electrostática. Finalmente, as próteses capilares (perucas) podem ser uma grande ajuda, sobretudo se se aproximam da cor e textura do cabelo original.

Rui Oliveira Soares, dermatologista

 

Estes são os pontos a ter em conta na alopécia ou perda de cabelo / queda de cabelo induzida pela quimioterapia.

Sobre o tema próteses capilares (ou perucas) aconselho a leitura deste artigo. Relativamente às fibras capilares, existem por exemplo as da marca Toppik.

Já passaste por uma situação similar? Como minimizaste a perda de cabelo? O que te ajudou nesta fase?

 

Fotografia: Inês Machado

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2 comentários

  1. Sophie diz:

    Olá! E turbantes? Conhece alguma marca/loja portuguesa de venda de turbantes que possa aconselhar? Obrigada

    1. Joana Alvares diz:

      Olá Sophie! Não conheço pessoalmente mas fiz uma pesquisa no Google e encontrei algumas lojas que têm. Vi alguns bonitos no site do El Corte Inglés por exemplo. Um grande beijinho, Joana

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