Caspa: champôs e tratamentos indicados pelo dermatologista

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Se pensar nas perguntas e comentários mais frequentes que recebo sobre cabelo, posso dizer que a caspa e todas as queixas de couro cabeludo estão no top. Mas o que se pode fazer perante a caspa ou descamação persistente? O que é a caspa? É o mesmo que dermatite seborreica? O dermatologista Dr. Rui Oliveira Soares, responde a todas as questões a ter em conta, com sugestão de champôs, produtos e medicamentos úteis neste quadro clínico. Curiosa para saber mais sobre o tema?

P: Quais as principais causas de alterações no couro cabeludo (caspa, descamação e irritação)?

Dr. Rui Oliveira Soares: Caspa e descamação podem ser causadas por:

  • Condições endógenas, habitualmente herdadas: caspa (pitiríase seca do couro cabeludo), dermatite seborreica, psoríase, líquen planopilaris, eczema atópico, ou
  • Agressão exógena – eczema irritativo ou alérgico de contacto. Muitas vezes acompanham-se de sensação de comichão ou ardor, que são as queixas que habitualmente conduzem ao médico.
P: Existe alguma relação entre a alimentação e as alterações no couro cabeludo? Se sim, quais são os hábitos alimentares ou os alimentos que podem contribuir para o aparecimento destas alterações?

É uma raridade alguma condição ser provocada pela alimentação. Alguns pacientes notam agravamento de condições existentes no couro cabeludo (psoríase, dermatite seborreica, eczema) com álcool, condimentos e picantes, e, raramente, com algum alimento em particular.

P: O stress também pode favorecer o aparecimento das alterações descamativas no couro cabeludo, como a caspa? Que alterações, em particular? E porquê?

O stress provoca, na maioria dos pacientes, agravamento da condição dermatológica crónica de que padecem (psoríase, dermatite seborreica, eczema) mas isto já é muito habitual nas dermatoses em qualquer área do tegumento (pensa-se que mediadores neuro-endócrinos alterem os níveis de citoquinas, provocando inflamação).

P: Os medicamentos também podem provocar alterações no couro cabeludo, como a caspa? Se sim, que alterações podem provocar? Que medicamentos estão habitualmente na sua origem? E de que forma provocam estas alterações?

Sim. Os medicamentos também podem provocar alterações: vermelhidão, descamação, comichão, etc. Podem fazê-lo por duas vias:

  • Por aplicação tópica do medicamento – por exemplo, pode suceder após aplicação local de minoxidil (medicamento de ação local para a calvície) e neste caso deve-se, quase sempre, à ação irritativa do propilenoglicol e não a alergia a minoxidil;
  • Por efeito sistémico quando tomamos um medicamento – por exemplo, após tomar um medicamento para baixar o ácido úrico, para controlar a epilepsia ou para controlar uma infeção (antibiótico). Nestes casos, o mais habitual é haver outras áreas envolvidas além do couro cabeludo e o importante é um diagnóstico precoce e a pronta interrupção do medicamento. Em casos selecionados pode ser necessário medicar com corticóides.
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P: O uso de determinados produtos cosméticos capilares também pode provocar descamação no couro cabeludo? Quais são os produtos que tendem a provocar esse tipo de problema?

Sim. O uso de cosméticos pode também condicionar este tipo de manifestação, seja por simples irritação ou por alergia. A alergia é um fenómeno individual e habitualmente independente da qualidade do produto aplicado. A causa mais frequente é a aplicação de tintas capilares e a substância causadora mais frequente a parafenilenodiamina (PPD).

P: O que distingue a caspa ou a dermatite seborreica de uma reação alérgica a um tratamento em cabeleireiro ou na sequência de um tratamento médico? Como podemos distinguir estas duas situações clínicas? E que passos devemos tomar, em cada um destes casos?

A dermatite seborreica e a caspa (são gradações do mesmo fenómeno) distinguem-se de uma reação alérgica pela história clínica (idade característica, ausência de sensibilizante causador), pela distribuição (zonas marginais do couro cabeludo e zonas afetadas para além deste), aspeto da escama, amarelada e gordurosa, e vasos arborizados na dermatoscopia (exame / visão de aumento). Na dermatite alérgica o importante é a evicção do causante. Na dermatite seborreica conseguimos um controlo com champôs contendo derivados imidazólicos e ciclopirox olamina, soluções ou espumas contendo corticóide, etc.

P: Quais são os principais erros que as pessoas tendem a cometer no tratamento de descamação do couro cabeludo?
  • Caspa e dermatite seborreica: Pensar que é curável e não fazer manutenção.
  • Psoríase: Achar que se trata sempre de forma igual.
  • Reação alérgica do couro cabeludo ao uso de um cosmético: Não parar imediatamente a aplicação. Não ir ao médico.
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P: Como tratar as principais doenças descamativas do couro cabeludo?

Importa dizer que caspa e dermatite seborreica são gradações do mesmo problema, sendo que o segundo é mais incomodativo porque a escama fica aderente ao couro cabeludo. A predisposição é genética e afetam sobretudo recém-nascidos, adultos jovens e idosos.

Caspa (pitiríase seca do couro cabeludo) – habitualmente obtém-se bom controlo da caspa apenas com champôs para estados descamativos do couro cabeludo, que contêm habitualmente ciclopirox olamina ou derivados imidazólicos.

Opções de supermercado: H&S, Linic, etc.

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Opções de farmácia: Trikare K, Trikare Z, Nodé DS, Kelual DS, KPL Plus Anti-Caspa, etc.

caspa champô champôsDermatite seborreica – habitualmente exige, além dos champôs atrás indicados, soluções ou emulsões com queratolíticos (desfazem a escama aderente), corticóides (controlam a inflamação) ou derivados imidazólicos (controlam as populações de malassezia, fungo comensal que em excesso pode agravar a dermatite seborreica. Estes medicamentos tópicos devem ser prescritos pelo médico de família ou pelo dermatologista. Apenas muito raramente será necessária medicação oral com antifúngicos.

Psoríase – Também geneticamente determinada, pode afetar pessoas de qualquer idade. Formas leves podem ser controladas com champôs derivados do alcatrão – Tarmed, Edoltar, etc. – ou mesmo com os que controlam a dermatite seborreica. O tratamento localizado da escama aderente faz-se preferencialmente com queratolíticos, que muitas vezes estão formulados com corticóides (Psodermil, Diprosalic, etc.) e o tratamento da inflamação com derivados da vitamina D em associação com corticóides (Daivobet). Em formas graves usamos medicamentos que atuam por via sistémica (metotrexato, acitretina, ciclosporina) e modificadores da resposta inflamatória, ditos “biológicos”. As formas leves podem ser controladas pelo médico de família, as mais graves pelo dermatologista.

Líquen planopilaris – Doença em que é fundamental diagnóstico precoce pelo dermatologista, pois o avanço da mesma leva a perda definitiva dos folículos (alopécia cicatricial). Trata-se por via tópica (corticóides, tacrolimus, etc.) ou sistémica (finasterida, dutasterida, tetraciclinas, anti-maláricos, corticóides, ciclosporina, etc.) consoante o grau de atividade da doença.

Eczema atópico – Controla-se preferentemente por corticóides por via tópica, embora a gravidade da doença possa implicar medicação sistémica com corticóides ou outros.

Eczema irritativo ou alérgico de contacto – O tratamento consiste na evicção daquilo que o provocou e, na forma aguda, corticóides tópicos ou sistémicos, dependendo da gravidade.

Rui Oliveira Soares, dermatologista

A caspa é apenas uma das afeções do couro cabeludo, que carece de cuidados frequentes. Mas é importante perceber que várias são as doenças que podem afetar o couro cabeludo para além da caspa, estando grande parte delas dependente de um acompanhamento médico especializado.

Tens caspa ou outra situação incomodativa no couro cabeludo? E está controlada?

Fotografia: Márcia Soares

Montagens: Beautyst

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